Butiazeiro | Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo

Butiazeiro

BUTIAZEIRO (Português)

O Butiazeiro, também conhecido como Coquinho-azedo, cujo nome científico é “Butia odorata” (Barb.Rodr.) Noblick, pertence à família Arecaceae. Esta palmeira, nativa do Pampa e presente em regiões do Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul, e no Uruguai, nos departamentos de Rocha, Treinta y Tres e Cerro Largo, destaca-se por sua vasta formação vegetal que abrange cerca de 68.000 hectares, conhecida como “Palmares de Rocha” ou “Palmares de Castillos”.

O Butiazeiro é uma palmeira de porte médio que pode atingir alturas de 4 a 8 metros. O tronco é esguio, solitário e de coloração cinza-escura, geralmente revestido por restos de folhas secas, conferindo um aspecto anelado. Suas folhas são pinadas e arqueadas, com pecíolos com margens dentadas, uma característica que remonta ao nome “Butia“, originado da palavra indígena “mbotia“, que significa “fazer dente recurvado”. As flores do Butia odorata são perfumadas, justificando o epíteto “odorata“, que significa “perfumado” em latim.

A cor das folhas varia de verde-claro a verde-escuro, e seu arranjo cria uma aparência ornamental característica. As inflorescências são paniculadas, surgindo entre as folhas e produzindo pequenas flores amarelas ou esverdeadas. A polinização é realizada principalmente por abelhas e suas sementes são dispersas por animais como graxains, mão-pelada, gambás, veados, caturritas e emas. As sementes são colhidas quando maduras e devem ser semeadas em sacos individuais, cobertas com 1 cm de terra.

Os frutos do Butiazeiro são drupas pequenas e esféricas, de coloração variada, que vão do amarelo ao laranja-avermelhado quando maduros. Eles têm um sabor ácido e adocicado e são envolvidos por uma casca fina. Esses frutos são muito valorizados para consumo tanto in natura quanto em preparações culinárias, como geleias e bebidas.

O Butia odorata tem múltiplos usos. Suas folhas são utilizadas na elaboração de artesanato e estofaria; os frutos são utilizados para o preparo de sucos, vinhos, geleias e licores; e de suas sementes é extraído óleo comestível. As amêndoas são amplamente utilizadas na alimentação, especialmente no Uruguai, em produtos como biscoitos, bombons e o tradicional “café de coco“.

No Uruguai, o Butiá tem um forte simbolismo, sendo representado no hino e no escudo do Departamento de Rocha. Para os povos originários do Pampa, esta palmeira era sagrada, com as amêndoas desempenhando um papel central. Eles utilizavam instrumentos de pedra polida, conhecidos no Brasil como “quebra-coquinhos” e no Uruguai como “rompecocos“, para quebrar os coquinhos.

A expressão popular “Me caiu os butiás do bolso…” é usada na região da fronteira gaúcha para expressar surpresa, evidenciando a presença marcante dessa palmeira na cultura local.

O Butia odorata é, portanto, uma espécie emblemática do Bioma Pampa, representando não apenas uma riqueza natural, mas também um símbolo cultural profundamente enraizado nas tradições locais.

Fontes:

CABRAL, Elsa Leonor; CASTRO, Marcelo. Palmeras Argentinas – Guía para el reconocimiento. 1ª Ed. Buenos Aires: L.O.L.A., 2007.

CAMPOS, Humberto de. Enciclopédia Agrícola Brasileira Vol. 1. São Paulo: ESALQ, 1995.

CARVALHO, Paulo Ernani Ramalho. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo: Embrapa Florestas, 2003. (Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras, v.1).

LORENZI, Harri; BACKER, Luis Benedito; TORRES, Mario Antonio Virmond. Árvores e arvoretas exóticas no Brasil. Nova Odessa: Inst. Plantarum de Estudos da Flora, 2018.

LORENZI, Harri; LACERDA, Marco Túlio Côrtes de.; BACHER, Luis Benedito. Frutas no Brasil nativas e exóticas (de consumo in natura). São Paulo: Inst. Plantarum de Estudos da Flora, 2015.

MERCEDES, Rivas; BARBIERI, Rosa Lía. Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável do butiá. Brasília DF: Embrapa, 2014.

RIFFLE, Robert Lee; CRAFT, Paul; ZONA, Scott.  The Encyclopedia of Cultivated Palms. 2ª Ed. Portland: Timber Press, 2012.

ROSS, Pablo; MUÑOZ, Julio Eduardo; CRACCO, Pedro. Flora Indígena del Uruguay. 3ª Ed. Montevideo: Editorial Hemisferio Sur,2018.

Responsáveis dados técnicos: Hélio Ramirez Farias (colaborador externo) e Lauís Brisolara Corrêa (colaborador externo).

Responsáveis produção textual: Francielle de Lima (coordenadora), Ariane Ferreira Clavijo (discente bolsista), Giovana de Oliveira (discente voluntária), Jerusa Vieira Urrutia (discente voluntária) e Pablo Gabriel de Muniz Correa (discente voluntário).

 

BUTIÁ (Español)

El Butiá, también conocido como Coquinho-azedo, tiene su nombre científico “Butia odorata” (Barb.Rodr.) Noblick, pertenece a la familia Arecaceae. Esta palmera, nativa de la Pampa y presente en regiones brasileras, específicamente en Rio Grande del Sur, y en Uruguay, en los departamentos de Rocha, Treinta y Tres y Cerro Largo, se destaca por su vasta formación vegetal llega a 68.000 hectáreas, conocida como “Palmares de Rocha” o “Palmares de Castillos”.

Es una palmera de tamaño mediano que puede llegar de 4 a 8 metros. Su tronco es alto, solitario y de color gris oscuro, generalmente es revestido por restos de hojas secas. Sus hojas son pinnadas recorvadas y con margenes dentadas, una característica que remonta al nombre “Butia“, originado de la palabra indígena “mbotia“, que significa “fazer dente recurvado”. Las flores de la Butia odorata son perfumadas, justificando el epíteto “odorata“, que significa “perfumado” en latín.

El color de sus hojas varia de verde-claro a verde-oscuro, y su ápice crea una apariencia ornamental característica. La inflorescencia es de forma panícula, surgiendo entre las hojas y produciendo pequeñas flores amarillas. La polinización es realizada, principalmente, por abejas y sus semillas son dispersas por animales como graxains/ zorro, mão-pelada, gambás, veados, caturritas e emas. La plantación de las semillas ocurre en pociones individuales, cubiertas con 1 cm de tierra.

Sus frutos son drupas pequeñas y de forma ovoide, tienen color variado que van desde el amarillo al naranja cuando maduros. Su cáscara es fina y tienen un sabor agridulce. Esos frutos son muy valorados para el consumo tanta in natura cuanto, en la gastronomía, en la preparación de dulces y bebidas.

 Butiá odorata nos brinda con sus múltiplos usos. Sus hojas son utilizadas en la elaboración del artesanía;sus  frutos son utilizados para el preparo de jugos, vinos, jaleas y licores; y de sus semillas es extraído el aceite comestible. Las almendras son ampliamente utilizadas en la alimentación especialmente en el Uruguay, en productos como bizcochos, bombones y el tradicional “café de coco“.

En Uruguay, es tan fuerte el simbolismo de la palmera Butiá que se ve representada en el himno y en el escudo del Departamento de Rocha. Esta palmera era sagrada, con las almendras desarrollando un papel central para los pueblos originarios de la Pampa.   Ellos utilizaban instrumentos de piedra pulida, conocidos en Brasil como “quebra-coquinhos” y en Uruguay como “rompecocos.

La expresión popular “Me caiu os butiás do bolso…” es usada en la frontera para expresar sorpresa, evidenciando su expresiva presencia en la cultura local.

 Butiá odorata es, por lo tanto, una especie emblemática en el Bioma Pampa, representando no solamente la riqueza natural, pero también un símbolo cultural profundamente enraizado en las tradiciones locales.

Responsáveis pela tradução: Profª. Dra. Maria do Socorro de Almeida Farias Marques (docente colaboradora), Andrea Alfonsina Rivero Sottimano (discente voluntária) e Rodrigo Moraes (discente voluntário). 

 

BUTIAZEIRO (English)

The Butiazeiro, also known as Coquinho-azedo, whose scientific name is “Butia odorata” (Barb.Rodr.) Noblick belongs to the Arecaceae family. This palm tree, native to the Pampa and present in regions of Brazil, specifically in Rio Grande do Sul, and in Uruguay, in the departments of Rocha, Treinta y Tres and Cerro Largo, stands out for its vast plant formation that covers about 68,000 hectares, known as “Palmares de Rocha” or “Palmares de Castillos”.

The Butiazeiro is a medium-sized palm tree that can reach heights of 4 to 8 meters. The trunk is slender, solitary and dark gray in color, usually covered with remains of dry leaves, giving it a ringed appearance. Its leaves are pinnate and arched, with petioles with toothed margins, a characteristic that dates back to the name “Butia“, originating from the indigenous word “mbotia“, which means “to make a curved tooth”. The flowers of Butia odorata are fragrant, justifying the epithet “odorata“, which means “fragrant” in Latin.

The color of the leaves varies from light green to dark green, and their arrangement creates a characteristic ornamental appearance. The inflorescences are paniculate, emerging between the leaves and producing small yellow or greenish flowers. Pollination is carried out mainly by bees and its seeds are dispersed by animals such as greasers, barefoot, opossums, deer, cockatiels and rheas. The seeds are harvested when mature and should be sown in individual bags, covered with 1 cm of soil.

The fruits of the Butiazeiro are small, spherical drupes of varying color, ranging from yellow to reddish-orange when ripe. They have a tart and sweet taste and are wrapped in a thin skin. These fruits are highly valued for consumption both in natura and in culinary preparations, such as jellies and drinks.

The Butiá odorata has multiple uses. Its leaves are used in the elaboration of handicrafts and upholstery; the fruits are used for the preparation of juices, wines, jellies and liqueurs; and from its seeds edible oil is extracted. Almonds are widely used in food, especially in Uruguay, in products such as cookies, bonbons and the traditional “coconut coffee“.

In Uruguay, the Butiá has a strong symbolism, being represented in the anthem and on the shield of the Department of Rocha. For the original peoples of the Pampa, this palm tree was sacred, with almonds playing a central role. They used polished stone instruments, known in Brazil as “quebra-coquinhos” and in Uruguay as “rompecocos“, to break the coconuts.

The popular expression “Me fell the butiás from my pocket…” It is used in the border region of Rio Grande do Sul to express surprise, evidencing the striking presence of this palm tree in the local culture.

The Butiá odorata is, therefore, an emblematic species of the Pampa Biome, representing not only a natural wealth, but also a cultural symbol deeply rooted in local traditions.

Responsável pela tradução: Andrea Alfonsina Rivero Sottimano (discente voluntária).

 

Texto Butiazeiro interpretado na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

Intérprete de Libras: Ana Carolina da Rosa Machado (colaboradora externa)

Responsável pela gravação e edição: Norton Cardia Simões (colaborador interno)

Link de acesso: https://drive.google.com/file/d/1LiG2KscoT6ccurFUVg_fWvWDQQPdUkiW/view?usp=sharing

 

Texto Butiazeiro em áudio

Narrador: Hélio Ramirez Farias (colaborador externo)

Responsável pela gravação e edição: Norton Cardia Simões (colaborador interno)

Link de acesso: https://drive.google.com/file/d/1LTRlMPvu_kUcFJqELPyxF4mEtaBjXZUK/view?usp=sharing