A área de concentração está estabelecida a partir da leitura de três fenômenos que articulam o campo de saber da comunicação com a realidade social:
Em primeiro lugar, está o reconhecimento manifesto da comunicação no âmbito da indústria criativa no campo profissional.
O termo está ligado à definição de Economia Criativa, estabelecido a partir do ciclo de criação, produção, distribuição/circulação/difusão e consumo/fruição de bens e serviços oriundos desses setores.
O Ministério da Cultura reconhece cinco campos desse setor:
- patrimônio (material, imaterial, museus, arquivos);
- expressões culturais (artesanato, artes visuais, culturas populares etc.);
- artes de espetáculo (dança, música, teatro etc.);
- audiovisual, livro e literatura (cinema, publicações, mídias impressas etc.);
- e criações funcionais (moda, design, propaganda, mídias digitais etc.).
Nesses termos, o saber profissional da comunicação está constituído enquanto atividade criativa e/ou constitui esse setor ao fornecer estratégias, técnicas e instrumentos para a consolidação do processo criativo.
Em segundo lugar, as políticas educacionais estão intensificando sua associação com as demais políticas, que neste caso se enquadram nas culturais.
Políticas traduzidas em ações dos Ministérios da Educação e da Cultura destacam a criação de secretarias, como a “Secretaria de Educação e Formação Artística e Cultural”, de editais, como o “Mais Cultura nas Universidades”, e de premiações, como o “Comunica Diversidade” na área de comunicação cultural.
Por fim, em terceiro lugar, está a estruturação do campo de saber da pós-graduação em comunicação e o desafio de articular a interdisciplinaridade da área, especialmente ao reconhecer as condições históricas e a evolução do conhecimento que lhe é específico.
Nesse caso, enfatiza-se a possibilidade de conectar campos articulados de produção de conhecimento, nomeadamente comunicação e indústria criativa.
A área de concentração propõe investigar a concepção, a articulação, a constituição, a organização e a operacionalização da comunicação na indústria criativa, reconhecendo num ponto a comunicação como um processo criativo e noutro, a partir de arranjos organizacionais, a comunicação enquanto estratégia, técnicas e instrumentos para a consolidação do processo criativo.
- No primeiro caso, a comunicação é entendida como processo sociocultural, tecnológico e de inovação com potenciais estratégicos econômicos, políticos e sociais.
- No segundo caso, é entendida como os processos que guiam a estruturação e o desenvolvimento de ações, produtos, espaços e sistemas que possibilitam e potencializam a criatividade e a sua expressão, compartilhamento e apropriação, resultando em agenciamentos e resignificações.
Portanto, a área de concentração está focada nas formas de comunicação, as quais demandam por estratégias comunicacionais.
A interrelação entre comunicação e indústria criativa procura estabelecer uma produção de conhecimento pautada pela busca de novos conceitos, produtos e conteúdos, bem como pela leitura dos já existentes na perspectiva contemporânea da indústria criativa. Espera com isso a formação de profissionais com capacidade para compreender, refletir e intervir nos processos e na configuração de produtos estabelecidos na articulação entre comunicação e indústria criativa, criando ou mantendo espaços profissionais, sobretudo, na região de abrangência da Universidade, em uma área de trabalho em que a criação e a execução são os componentes fundamentais.