A educação a distância tem sido, desde a sua origem, um mecanismo de democratização do acesso e da oferta educacional. Atualmente ela foi assumida pelas instituições educacionais para oferta de educação básica, educação superior e formação profissional continuada (AIRES E LOPES, 2009).
De acordo com os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância (2007), a educação a distância (EaD) é a modalidade na qual a mediação didática acontece através de tecnologias de informação e comunicação, com os participantes, estudantes e professores, desenvolvendo atividades educativas com o objetivos de promover os processos de ensino e de aprendizagem, em lugares e/ou tempos diversos.
A EaD considera a necessidade de potencializar a interação entre os sujeitos participantes, mediados pelas tecnologias, reconhecendo não ser suficiente garantir boa interatividade funcional com as ferramentas disponíveis por elas. Segundo Belloni (2003) há demanda de explorar as potencialidades desses recursos nas situações de ensino e de aprendizagem com criticidade, aprendendo a identificar os recursos fidedignos, evitando o deslumbramento que tende a levar ao uso inadequado da tecnologia por si e em si, ou seja, mais por suas virtualidades técnicas do que por suas possibilidades didáticas.
Neste sentido, o curso proposto está em consonância com a legislação educacional vigente, buscando atender às políticas que dispõem sobre a inclusão escolar e social, o que significa possibilitar a acessibilidade curricular do aluno com deficiência nas diferentes áreas do conhecimento, bem como às políticas de ambientalização curricular e às que tratam das diversidades culturais e étnico-raciais brasileiras.
O curso objetiva a formação de professores de língua portuguesa e literaturas. Professor é o profissional da aprendizagem (DEMO, 2012), seu trabalho visa planejar, criar, desenvolver ações para oportunizar que todos seus alunos aprendam o conteúdo que ensina. No entanto, nas últimas décadas os resultados do trabalho docente, identificados por diferentes tipos de avaliações, nacionais e internacionais, especialmente na educação básica, não têm sido animadores.
Como uma alternativa de solução para modificar esse quadro, foi elaborada a Resolução CNE/CP Nº 2, de 20 de dezembro de 2019, que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e instituiu uma Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC- Formação), tendo como referência a implantação da Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica (BNCC), instituída pelas Resoluções CNE/CP nº 2/2017 e CNE/CP nº 4/2018.
A legislação vigente, bem como a BNC-Formação e a BNCC perpassam a concepção pedagógica deste Curso, destacando a importância da consciência da heterogeneidade e do inacabamento do conhecimento e do ser humano. O foco do curso é a formação de professores de língua portuguesa e literaturas para a Educação Básica, no qual, língua e literaturas se articulam relacionando as tecnologias digitais e as não digitais.
A Língua Portuguesa e a Linguística concebem a linguagem como um fenômeno político, social, histórico, ideológico, cultural e psicológico, o estudo da língua pressupondo a adoção de abordagens linguísticas que considerem o contexto.
A Literatura, percebe o objeto de análise como manifestação cultural e artística, representando o sujeito em sua individualidade e em sua dimensão histórica e social. Assim, através do texto, promove a formação de sujeitos leitores do mundo e dos livros, habilitados a trabalhar na Educação Básica com o texto literário.
A concepção de letramento digital, de acordo com Lévy (1999), refere-se à questão das práticas de leitura e de escrita que o computador e a internet nos possibilitam, pois “a cibercultura é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (p. 17). Portanto, os conceitos sobre o que é o virtual e o real, a cibercultura, a inteligência coletiva e o hipertexto norteiam a compreensão do meio digital.
No que se refere às metodologias de ensino, por elas perpassam as escolhas teóricas assumidas pelos cursos em relação aos processos de ensino e de aprendizagem. Estes são conceitos polissêmicos que podem ser percebidos sob diferentes perspectivas relacionadas com as escolhas teóricas dos atores dos processos.
Na ideia de que há possibilidade de diferentes modos de organização na proposta de um curso, um ponto deve ser comum a todos aqueles que desenvolvem projetos na modalidade a distância, a compreensão de que o curso existe para ensinar/aprender com todos os participantes, independentemente de seu modo de organização. O foco é a aprendizagem significativa, que habilite sujeitos a pensar, a elaborar relações, a produzir argumentos, a reconhecer sua incompletude, consequentemente da demanda constante de formação continuada e o inacabamento do conhecimento, porque “[…] precisamos da educação ao longo da vida para termos escolha. Mas precisamos dela ainda mais para preservar as condições que tornam essa escolha possível e a colocam a nosso alcance (BAUMAN, 2007, p. 167).”
Como comentamos anteriormente, o curso assumiu a concepção sociointeracionista de aprendizagem baseada no ideário de Vygotsky (1998) de educação, que explica e compreende (MORIN, 2000) que o sujeito aprende na interação consigo, com os outros e com o objeto do conhecimento. Sendo assim, o curso é voltado para ações que potencializem os processos de interação oportunizadas pelas tecnologias, explorando os ambientes virtuais de aprendizagem, aprendendo com eles.
O foco da educação superior – seja ela presencial ou a distância, nas inúmeras combinações possíveis entre presença, presença virtual e distância é a aprendizagem humana, em uma perspectiva de compromisso com a reconstrução de uma sociedade inclusiva, justa, contribuindo para concretizar o objetivo de oportunizar a igualdade de oportunidades para todos, através da oferta de educação de qualidade.
Neste contexto, considerando as orientações da Resolução CNE/CP nº 2/2019 que definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica, bem como instituiu a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), especificando no seu Art. 4º que há três dimensões fundamentais que de modo interdependente e sem hierarquia, necessitam se integrar na ação docente: o conhecimento da profissão, a prática e o engajamento profissional.
Diante dessas demandas, as metodologias de ensino partem dos seguintes pressupostos:
1. A assunção de que o curso habilita profissionais para serem professores de língua portuguesa e que
2. O professor é percebido como o profissional da aprendizagem (DEMO, 2008, 2010, 2012), cujo objetivo do trabalho é o de desenvolver estratégias didáticas para oportunizar que todos aprendam;
3. Aprendizagem como fenômeno social, que se caracteriza como sendo resultado explícito de uma intervenção exterior, que se concretiza quando internalizada a partir de uma elaboração pessoal;
4. A percepção dos alunos como sujeitos ativos, autônomos e co-participes dos processos de ensino e de aprendizagem;
5. O acolhimento, o respeito à diversidade humana, reconhecendo as características unas/diversas (MORIN, 2000) dos sujeitos;
6. O reconhecimento das relações simbióticas entre língua, cultura e literatura;
7. A necessidade de instrumentalização adequada para o uso crítico das tecnologias da informação e da comunicação, potencializando os processos de ensino e de aprendizagem;
8. O planejamento de utilização de metodologias, estratégias didáticas e materiais de apoio contextualizados, inovadores e inclusivos;
9. A abordagem de temas transversais contemporâneos como pressupostos formadores da cidadania ativa, crítica, autônoma;
10. A qualificação da articulação do ensino, da pesquisa e da extensão como base da formação acadêmica.
Para efetivar estes dez pressupostos, as metodologias, coerentes com o ideário que subjaz a eles, são planejadas e desenvolvidas em ações didáticas que objetivam priorizar o diálogo, a análise da realidade, o debate, a interação, o protagonismo, a promoção da autonomia dos participantes, enfatizando as dimensões do conhecimento, da prática e do engajamento na profissão docente.
Assim sendo, a oferta dos componentes curriculares traz em suas ementas, temas e objetivos de aprendizagem articulados com os contextos de atuação, com as análises contextualizadas das realidades regionais, nacionais, internacionais, com as demandas do mundo do trabalho, que envolvem as diferentes especificidades da atuação de um profissional professor de Letras – Português.
A modalidade de ensino a distância, pressupõe a presença ativa dos participantes, no planejamento, nas propostas de atividades para a reconstrução de aprendizagens significativas, nos modos de organizar os processos de ensino e de aprendizagem em uma perspectiva interativa, baseando as demandas que embasam os objetivos de aprendizagem, em projetos, investigações, estudos de caso e propostas de soluções de problemas da realidade.
A interação na modalidade a distância, acontece em ambiente virtual de aprendizagem. O ambiente utilizado pela Universidade Federal do Pampa é o Moodle (Modular Object- Oriented Dynamic Learning Environment), ou seja, Ambiente de Aprendizado Modular Orientado ao Objeto, ou popularmente conhecido como Moodle. Neste ambiente há a possibilidade de acompanhar o acesso dos alunos aos componentes curriculares; o controle da disponibilização do conteúdo e a utilização das ferramentas de interatividade e comunicação síncronas e assíncronas. Dentre elas, destacam-se o chat (ferramenta de socialização na qual o diálogo acontece simultaneamente com possibilidade de compartilhamento de arquivos); fóruns (ferramentas para construção do conhecimento, que estimulam o aluno a expressar seus posicionamentos diante de questões propostas pelos professores), videoconferências com o uso do Google Meet (ferramenta que possibilita também o contato visual).
O ambiente virtual de aprendizagem utilizado no curso oportuniza implementar práticas dinâmicas a partir do uso das diferentes TICs: Celular; Tablet; Computador; Televisão; Impressoras multifuncionais; Câmera fotográfica; Pen drives; E-mails; Serviços de streaming; Sites da Internet como: Repositórios Digitais, Refratários de Objetos de Aprendizagem e Recursos Educacionais, Plataformas de Compartilhamento de Vídeos, Sistemas de Busca de Informação, redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas e plataformas de comunicação por videoconferência, de acordo com as especificidades de cada componente curricular.