10 Meses de china: ainda há muito a se aprender desse país.

(Imagens cedidas pela acadêmica)
(Imagens cedidas pela acadêmica)

Ao completar 10 meses de vivência e convivência com os chineses e seus hábitos pude perceber que mesmo parecendo longos, devido a distância de casa, a impressão é de saber pouco. Todos os dias são totalmente diferentes dos demais, diariamente aprendo um hábito novo, um local a se conhecer, algo da língua a se aprender.

Aprender, sim, esse estava sendo meu martírio, essa língua, com mais de 5 mil símbolos (hanzis em chinês), tomou conta do meu tempo por exemplo. Com minha aprovação do HSK 4, exame de proficiência da língua, uma espécie de TOEFEL chinês, me fez perceber que apenas os 1.200 que tive de saber para realizar a mesma, me faz apenas ir ao mercado, ao médico, comprar roupas, passagens e até alugar um apartamento. Mas que definitivamente, não me ajudarão tanto no próximo passo, os dois semestres de Educação Matemática em mandarim. Certamente deverei conhecer e terei de aprender mais de 1.200 palavras novamente.

E esse método de aprendizado chinês? Não sei ainda, qual o real motivo dos chineses serem tão competitivos. A toda hora é possível ver chineses estudando em qualquer lugar, qualquer mesmo, seja no banheiro, no metrô, em seus celulares, jornais, livros, notebooks, tablets. Internet se tornou indispensável em qualquer lugar, tanto que se pode ver filas de chineses aonde o wi-fi é free. As bibliotecas aos sábados e domingos, ainda continuam abertas, com seus milhares de chineses. Aqui na universidade, a biblioteca possui 9 andares, sendo que um deles é um café, mas mesmo assim, todos estes andares, se tornam poucos para aqueles que decidem ir após as 9 horas da manhã. A biblioteca funciona das 8 horas da manhã até as 10 horas da noite. Necessita-se apenas do cartão de estudante para acessá-la. Nesse lugar ninguém fala, mas se pode comer. Há lugares que você pode levar almofadas, todas as suas ‘tralhas’ – literalmente. Sua segunda casa, claro, depois da sala de aula e depois dessas duas sua ‘casa’, ’quarto’, ‘canto’.

Professores chineses, sequer, pensam que são professores. Primeiro dia de aula nomeia todos de irmãos e diz que estes são seus filhos. Não existe meu colega, existe meu irmão (我的姐姐/哥哥/弟弟/妹妹, wo de jiejie/gege/didi/meimei, respectivamente irmã mais velha, irmão mais velho, irmão mais novo e irmã mais nova). Todos devemos saber como está nosso irmão, o que ele está fazendo se não está na aula e porque ele anda faltando demais, ou não está vindo nas aulas. O professor, independente do sexo, não demonstra carinho com toques, nem em suas palavras, mas nos faz entender que somos peças importantes em suas aulas e em sua vida.

Professores são iguais aos pais chineses, muitos já são pais, outros possuem a mesma idade que nós. Estes prezam pelo respeito, nada de chegar atrasado às aulas, faltar, não fazer os deveres e trabalhos e muito menos notas baixas em provas. Eles costumam chorar (literalmente) se o aluno possui muitas notas baixas e não demonstra interesse em suas aulas. Eles acham que as mesmas não são interessantes e boas o suficiente para que seu aluno se dedique. E pelo senso da competição, as notas sempre são expostas ao público, com pareceres. Ou seja, se você foi bem, acredita que sirva de incentivo para seu colega ir melhor ainda que você. Não se medem palavras, você pode ser chamado de burro ou de muito inteligente, no mesmo dia, mês. E se tiver de chorar, chore. Porque não irão faltar motivos. Os famosos “Homeworks”, trabalhos ou deveres de casa, tiram o sono e a vida. Sempre páginas e páginas, recita, decora, pesquisa, traduz, interpreta, executa e outros, todos aos montes. Por quê? Para os chineses, você só é um bom professor se passar muito dever de casa, além de criticar seu aluno.

A China possui seu jeito ‘estranho’ para nós ocidentais. Acredito que eu já possua mais 100 curiosidades sobre a mesma, sem ler em livros ou sites, apenas de visualizar em meu cotidiano, mas tem uma que eu sempre me surpreendo, que é a Educação. Gostaria de saber até aonde vão as novidades, o arcaico, o tecnológico e o poder desta para tornar este país que está indo ao rumo de primeiro lugar na economia mundial.

China, você ainda irá me surpreender mais e mais!

ANA PAULA DE OLIVEIRA RAMOS