Antigo slogan da educação escolar e, particularmente, do ensino de História: nosso objetivo tem sido, há tempos, formar cidadãos com pensamento crítico. A consecução desse objetivo, porém, conduz a reflexões em diferentes escalas. Por uma parte, é preciso considerar que a educação escolar se compreende e se constitui em relação dialética com a forma como se produz riqueza e se organiza o trabalho. As dicotomias entre trabalho manual e intelectual, as desigualdades de renda e de oportunidades não podem ser desconsideradas quando se analisa o que fazem professores e estudantes em salas de aula de História. Outro aspecto diz respeito às questões identitárias, tanto do ponto de vista dos usos da instrução escolar para forjar consensos (identidades nacionais), quanto para as questões ligadas a gênero, raça e classe. As disputas na formulação e implementação de políticas públicas (sociais) educacionais se constituem nessas contradições e envolvem o trabalho da professora e do professor de História, bem como as aprendizagens dos estudantes. Nesse sentido, discutir a construção do pensamento crítico no ensino de História permite conectar o microcosmo da sala de aula com a estrutura e funcionamento da educação básica, as propostas curriculares, a produção de materiais didáticos e os usos da história por parte da memória pública. Esse é o fio condutor dessa comunicação: explorar demandas contemporâneas tais como a nova legislação sobre o Ensino Médio, a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular e os debates sobre escola inclusiva com as implicações políticas, ideológicas – consequentemente, didáticas – para a ação docente em sala de aula. Pretende-se mapear alguns desses desafios e propor alguns caminhos de reflexão docente, mantendo como eixo central o objetivo de constituição de pensamento crítico.
A aula será ministrada pela professora dra. Caroline Pacievitch (UFRGS), na segunda feira, 12 de junho, às 19h, no auditório do Campus Jaguarão.