Registros fotográficos da apresentação do curso e da Aula Magna.
A atividade aconteceu na noite de 24 de abril, no campus Jaguarão, e contou com a participação da pesquisadora Claudia Plens (UNIFESP).
A grade de horários do semestre 2024/1 já pode ser acessado clicando aqui.
Com o presente texto o Laboratório de Estudos da História do Mundo Árabe e Islã (LEHMAI/UNIPAMPA), apresenta seu apoio a declaração do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada no último dia 18, na coletiva de imprensa da 37º Cúpula da União Africana. A declaração do presidente Lula, ainda que possa ser debatida por eventuais contradições conceituais, cumpriu uma necessidade urgente de chamar a atenção para a Causa Palestina de forma contundente e provocativa. A retórica de afrontamento abordou uma temática tabu, as possíveis aproximações entre a política do estado colonialista sionista de Israel, contra a população palestina, e as políticas existentes na Alemanha nazista, quando da perseguição da população judia. Comparações entre as políticas nazistas e a política colonial sionista do Estado de Israel, não são novidade, já foram feitas em 1948, pela intelectual judia Hanna Arendt e o cientista judeu Albert Einsten, em carta aberta, no jornal The New York Times e, recentemente, pela escritora judia estadunidense Masha Gessen, que publicou um ensaio na revista New Yorker, comparando aberta e diretamente Gaza ao Gueto de Varsóvia. Em ambos os casos o objetivo era clamar publicamente, causando revolta e indignação.
Cada processo genocida tem suas particularidades históricas, tornando o exercício de comparação uma tarefa melindrosa. Uma das acusações recorrentes contra a fala do Presidente Lula é a comparação direta nos números de vítimas, entre 6 milhões de judeus exterminados em toda Europa, contra “apenas” 30 mil palestinos mortos em Gaza. Vale chamar a atenção que este é o número de palestinos mortos (até o momento) somente nesta ofensiva israelense. Não há outra palavra, além de genocídio, para definir a execução de 30 mil pessoas, incluindo cerca de 10 mil crianças, que estão encurraladas em um minúsculo território, sem possibilidade de fuga e sem capacidade de defesa. Se nada for feito, caminhamos a passos largos para a normalização do extermínio da população de Gaza. É inegável que presenciamos uma forma de holocausto palestino.
A palavra Holocausto, apropriada pela historiografia para definir um dos acontecimentos mais terríveis da História humana, o extermínio em lógica industrial da população judaica da Europa pela política nazista alemã, tornou-se sinônimo da Shoa judaica. Entretanto, o conceito de holocausto, muito antes das funestas consequências da “Solução Final”, foi amplamente utilizado para definir diferentes massacres, mortandades e aniquilações de povos. A palavra holocausto provem da raiz grega holokauston, que pode ser entendida como “sacrifício consumido em chamas”. Definição que, ao nosso ver, é apropriada para definir o sacrifício indiscriminado de milhares de vidas, em sua maioria esmagadora de civis indefesos e crianças, que têm suas existências consumidas pelo fogo das bombas do exército de Israel.
Pelo menos desde 1948, a população palestina, sob ocupação colonial, vive seu próprio holocausto, com características particulares, supor tanto segregação, humilhações, deslocamentos, desenraizamentos, limpeza étnica, invisibilização, silenciamento, apagamento, violência de Estado (através de leis discriminatórias), subordinação a leis marciais, punições coletivas, desapropriações, sanções econômicas, toques de recolher, circunscrição territorial (com negação de livre movimentação), racionamento sobre recursos básicos para sobrevivência (alimentação,
água e medicamentos) e eliminação física sistemática (sempre que possível, em grandes proporções). De fato, cada genocídio tem suas particularidades, existem muitas formas de se matar um povo e nem todas passam pelo acelerado extermínio em escala industrial. O governo de Israel recorre constantemente à estratégia de colocar-se no lugar de ofendido, provocando ruído, exigindo retratações, definindo toda e qualquer forma de contestação de sua política assassina de ocupação como antissemitismo. Trata-se de uma manobra evasiva, uma forma de desviar a atenção do verdadeiro problema, a verdadeira ofensa, a terrível crise humanitária hora vivida em Gaza, levada às últimas consequências pela política de extrema direita de Netanyahu, que insiste em tratar toda população palestina – homens, mulheres, idosos e crianças – como integrantes do Hamas. A confusão intencional entre antissemitismo e antissionismo transforma críticas à política genocida do Estado de Israel em um ataque a todos os judeus, tática que se apresenta como uma eficiente chantagem que atua através do constrangimento. Enquanto isso, acumulam-se denúncias contra a brutalidade da política de estado israelense, em sua grande maioria ignoradas, naturalizando a banalidade da violência
contra os palestinos.
O presidente Lula, em nenhum momento, em sua declaração, demonstrou postura negacionista ou banalizou o Holocausto, pelo contrário, chamou a atenção para a violência incomensurável e à injustiça vivida pela população judaica europeia nesse traumático acontecimento histórico. O incômodo causado pela sua fala, que gerou tanta polêmica, foi comparar esse sofrimento com o vivido pelos palestinos em Gaza atualmente. Não houve a desconsideração de uma brutalidade, mas a constatação de duas.
Toda nossa solidariedade ao Povo Palestino! Palestina Livre!
O IV Simpósio de História Antiga e Medieval da Universidade Federal do Pampa (IV SHAM/UNIPAMPA), realizado em parceria entre o Laboratório de Pesquisas e Estudos em História Medieval (LAPEHME/UNIPAMPA) e o Grupo de Trabalho de História Antiga da ANPUH-RS (GTHA/ANPUH-RS), traz como temática os processos de marginalização e subalternização na Antiguidade e no Medievo, ponderando, as formas pelas quais a sociedade contemporânea se tornou herdeira desses processos de produção de alienação e exclusão de indivíduos e minorias. Objetiva-se abordar o marginal e o subalterno enquanto agentes históricos e enquanto temáticas historiográficas em construção, que esperam por problematizações em diversos recortes temporais e espaciais. Desde a antiguidade marginais e subalternos constituíram diferentes grupos proscritos e subjugados, sendo alvos de sentimentos de abjeção, ódio e indiferença, por parte da comunidade. Estereotipar pessoas com características de inferioridade e maldade, sempre foi uma constante necessidade para as estruturas de poder, que assumem o dever de controlar e, mesmo, extirpar estes indivíduos e grupos do seio da sociedade.
Seguindo a tradição dos eventos anteriores, as Inscrições de Comunicações não necessitam estar, obrigatoriamente, vinculadas à temática do IVSHAM. Serão aceitas Comunicações dos mais variados temas relacionados a Antiguidade e Medievo.
Para mais informações, consulte o site do evento: https://lapehmeunipampa.wixsite.com/ivsham
No próximo dia 10, sexta-feira, o Curso de História-Licenciatura, da Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão, através de seu Laboratório de Estudos da História do Mundo Árabe e Islã (LEHMAI), realizará um Ato de Apoio a Causa Palestina – Por Uma Palestina Livre: Memórias e Histórias da Colonização. O Ato ocorrerá na sala 311, a partir das 17h30min, em formato híbrido, a participação poderá ser tanto presencial quanto online. Interessados a participarem online devem solicitar o atalho pela DM do Instagram ou pelo email do Laboratório: lab.mundoarabe@gmail.com Toda comunidade acadêmica do Campus Jaguarão e público externo estão convidados para participarem desse momento de solidariedade com o povo Palestino, que há 75 anos sofre opressão e desterro e que nos últimos dias tem sofrido o sistemático extermínio de sua população na Faixa de Gaza. Contaremos com a participação do Presidente da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil), Ualid Rabah, com relatos de memórias de integrantes da comunidade palestina jaguarense e com a apresentação de um contexto histórico sobre a ocupação e colonização do território da Palestina, por professores do Curso de História-Licenciatura de Jaguarão.
O LEHMAI e o LAHISP do Curso de História/Jaguarão convidam para o VI encontro do Bate Papo, desta vez com a temática “Saúde e Refugiados: Os diferentes desafios enfrentados por afegãos e palestinos”, com as pesquisadoras Kamila Mansour e Carolina Assmann, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O evento será transmitido para o Canal LEHMAI Youtube, no dia 06 de Outubro, as 19h.