Comunicado à comunidade acadêmica sobre a oferta de componentes via Ensino Remoto pelo Curso de História-Licenciatura da Unipampa
Os membros da Comissão do Curso de História-Licenciatura da Unipampa vem a público informar sobre sua decisão no que se refere à oferta de Atividades de Ensino Remoto Emergencial (AEREs). Em reunião desta Comissão, realizada no dia 18 de agosto, considerando a oferta para o semestre letivo 2020/1 (regulado pelo documento “DIRETRIZES OPERACIONAIS PARA OFERTA DAS ATIVIDADES DE ENSINO REMOTO EMERGENCIAIS – AEREs”) os/as docentes decidiram por ofertar componentes curriculares complementares, previstos no Projeto Pedagógico do Curso.
É importante contextualizar brevemente esta decisão. A pandemia da Covid-19 tem tido impactos muito importantes no seio da comunidade da universidade. Há relatos de docentes, discentes e técnicos/as que evidenciam as dificuldades de enfrentamento de toda a situação gerada pela pandemia, tanto por medidas como o necessário isolamento social – que limita o contato com familiares, amigos/as e colegas, bem como a própria possibilidade de sair de casa, a não ser para demandas essenciais – quanto por consequências da pandemia, como os riscos sanitários e a grave crise econômica que assola o país. Manifestações de ansiedade, medo e insegurança quanto ao futuro imediato são intensificadas a partir da total irresponsabilidade do governo federal e de posturas ambíguas por parte de autoridades estaduais e municipais na condução do enfrentamento à pandemia.
Recuperando-se de forma resumida o processo relativo à implementação das AEREs, podemos voltar até junho, quando, diante da impossibilidade de uma volta ao ensino presencial no período imediato, a partir de medidas normativas instituídas pelo MEC, a Unipampa, assim como outras instituições de ensino do país, passou a considerar a possibilidade de retorno via atividades de ensino remoto. Contudo, conforme já destacamos em outras manifestações públicas de nosso curso, compreendemos que a condução dessa discussão no seio de nossa universidade não se deu da forma mais adequada, e com o método necessário que garantisse real debate nas instâncias da instituição. Ainda mais problemático, tomou como dada a necessidade de aprovação de uma medida que altera substancialmente as dinâmicas de interação entre docentes e discentes, sem ter sido realizado diagnóstico completo junto à comunidade acadêmica sobre suas condições concretas de acesso à Internet e a outros meios necessários para a realização das AEREs. Finalmente, após a aprovação da versão final do documento que orienta toda a realização das AEREs, cujo conhecimento do mesmo era fundamental para a organização dos cursos e seus encaminhamentos no que se refere a essa situação inédita, foi estabelecido um prazo menor do que uma semana para que as comissões pudessem refletir e tomar uma decisão sobre essa oferta!
Cabe ressaltar que, ao contrário do que ocorre em outras universidades no processo de implementação do ensino remoto, na Unipampa não se estimula a possibilidade de oferta de componentes curriculares compartilhados por dois ou mais docentes, bem como fica ambígua a questão da validação de carga horária relativa à oferta de projetos de ensino, grupos de pesquisa e de outras atividades de ensino/aprendizagem como alternativa à oferta de componentes curriculares, restando pouca margem de flexibilidade aos/às docentes.
Igualmente, é necessário destacar que, no final de julho deste ano, a representação discente do Campus Jaguarão finalizou pesquisa com estudantes de todos os cursos sediados na cidade, sendo evidenciada a precariedade estrutural relacionada ao acesso à Internet e a equipamentos como computadores. Ficou nítida também a queda na renda das famílias, agravada com o fechamento de postos de trabalho e o aumento do desemprego. Por último, a pesquisa também mapeou a baixa expectativa dos/as discentes com a prática de ensino remoto e a fragilidade emocional dos/as mesmos/as perante o cenário de precariedade social e econômica agravada pela Covid-19. Não podemos esquecer que Jaguarão faz parte desse contexto com mais de 90 casos confirmados e 3 óbitos; Arroio Grande também já contabiliza mais de 40 contaminados, e 1 óbito.
Expressamos ainda, que esta decisão foi dialogada a longo prazo pela comissão de curso durante suas reuniões de colegiado, sendo tornadas públicas durante este últimos meses todas as posições críticas perante o processo e conjuntura em nota (como a publicada no dia 12 de junho deste ano), debates e participações na Comissão de Ensino e Conselho do Campus.
Diante de tudo isso, compreendendo as dificuldades de diferentes naturezas associadas à realização das AERE’s (limitações tecnológicas, situações de estresse, dificuldades econômicas, entre outras), tanto para docentes mas principalmente para discentes, entendemos que a oferta de componentes complementares – igualmente necessários para integralização curricular – representa uma medida menos excludente e danosa na realidade do ensino remoto dentro de um quadro de significativa precarização das vidas e do cotidiano de nossos/as estudantes .
Jaguarão, 20 de agosto de 2020.
Comissão do Curso de História Licenciatura