Mulheres no Cinema do Peru é o tema do novo Projeto de Pesquisa da professora Carla Daniela Rabelo Rodrigues, do bacharelado em Produção e Política Cultural, que tem participado de importantes espaços acadêmicos de discussão sobre o assunto como o Seminário Temático (ST) “Cinemas mundiais entre mulheres: feminismos contemporâneos em perspectiva”, realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE), principal entidade acadêmica de Cinema do país.
Assim como o projeto de pesquisa institucional anterior que versava sobre as políticas públicas para o cinema no Peru, esta nova pesquisa delimita-se pelos estudos de gênero e histórias do cinema como disposto abaixo no resumo do projeto homologado na UNIPAMPA (2020-2024).
Projeto de Pesquisa – Mulheres no Cinema do Peru. Descrição: Apagadas da história canônica do cinema, as mulheres são profissionais desse campo há muitas décadas, mas somente no presente século alcançaram maior visibilidade pelos filmes nos quais trabalharam como diretoras, produtoras, roteiristas, sound designers, diretoras de fotografia, diretoras de arte, críticas, entre outras funções. Notavelmente, na América Latina muitas mulheres emergiram e conquistaram destaques por suas histórias e estéticas peculiares. Para pensar e aprofundar este tema, o projeto de pesquisa Mulheres no Cinema do Peru objetiva investigar e compartilhar um vasto panorama (séculos XX e XXI – até 2024) sobre o protagonismo profissional de mulheres na (outra) história do cinema peruano. Nossas pesquisas anteriores, já apontam indícios de que houve escassa quantidade de mulheres que trabalharam nesse meio, seja como resultado de uma presença ostensiva de homens no fazer cinematográfico ou por ausência de novos registros bibliográficos sobre suas existências, contribuições e atuações (Rodrigues, 2018). Observamos por meio de algumas fontes bibliográficas e histórico-documentais que desde o início do século XX, as mulheres atuam em diversos setores dessa cadeia produtiva, principalmente como atrizes atravessando séculos e décadas, mas também noutras funções que aqui repararemos historicamente, como: Maria Isabel Sanchez Concha, a primeira mulher a escrever o roteiro do segundo filme de ficção feito no Peru chamado Del manicomio al matrimonio (1913). Stefania de Nalecz Socha, nascida na Polônia, dirigiu Los abismos de la vida (1929) e foi a primeira diretora de ficção radicada no Peru. No âmbito da crítica cinematográfica, a escritora María Wiesse é a pioneira, tendo contribuído nos anos 20 com a célebre revista Amauta fundada pelo pensador marxista José Carlos Mariátegui. Patricia Pardo de Zela foi roteirista do filme Sabotaje en la selva (1953) que contou também com trilha musical da importante cantora peruana Chabuca Granda. A escritora e reconhecida poetisa Branca Varela foi crítica de cinema, e escreveu para a revista político-cultural Oiga entre os anos 1962 e 1964 usando curiosamente um pseudônimo de Cosme. O filme Seguiré tus pasos (1967) teve Josefina Vicens como roteirista. A primeira diretora de fotografia foi Rosalío Solano que trabalhou no filme El tesoro de Atahualpa (1968). Maria Esther Palant foi roteirista dos filmes El embajador y yo (1968) e Nemesio (1969), e nos anos 70 começa a dirigir seus próprios filmes. Como visto nessa breve introdução histórica até o final dos anos 60, algumas mulheres já trabalhavam com cinema no Peru e, por isso, um levantamento completo e uma análise aprofundada são cruciais, e serão empreendidos por meio deste projeto de pesquisa. Desse modo, também apostamos na ideia de repensar o campo do cinema sob óticas plural e decolonial. Por fim, cabe ressaltar que o cinema peruano é pouco exibido noutros países devido a questões comerciais de distribuição, e alguns entraves em políticas cinematográficas, que não alcançam alguns territórios no mesmo ritmo de sua pujante produção atual na qual as mulheres têm participação expressiva. Também ressaltamos que este é o segundo projeto de pesquisa sobre Cinema Peruano desenvolvido pela pesquisadora no âmbito da Universidade Federal do Pampa.