Professora do Curso fala sobre desinformação em escolas

Tema foi tratado com a interação dos estudantes durante a palestra

Alunos do  9º ano do Colégio Sagrado Coração de Jesus (CSCJ) puderam ouvir, nesta terça-feira (11), a professora do Curso de Jornalismo, profª Drª Eloisa Klein, sobre o tema da desinformação e das fake news. A convite da direção do educandário, a pesquisadora apresentou conceitos sobre a informação contemporânea naquilo que mais tem gerado controvérsias sociais que são os aspectos em torno da verdade no consumo de notícias.

Esta iniciativa de falar a estudantes do Ensino Médio, a professora Eloisa Klein tem repetido em outras escolas, sempre no objetivo de contribuir para uma alfabetização midiática da geração que mais lida em seu cotidiano com as redes sociais e onde a desinformação e a mentira circulam com maior preocupação de especialistas em comunicação. O coordenador do Curso de Jornalismo, professor Geder Parzianello, ressalta que os professores, ao realizarem este trabalho, colocam a Universidade e o curso ainda mais perto da comunidade, promovendo a extensão do conhecimento e a interação com a população local, o que é extremamente positivo, “ainda mais em se tratando de um tema que afeta tão diretamente a vida de todas as pessoas”, disse ele.

Síntese da Fala da pesquisadora

por: Eloísa Klein

Há um amplo conhecimento sobre o sentido primeiro de “fake news” como
informações falsas. Por conta disso, o intuito da conversa com os estudantes das
turmas de nono ano do Colégio Sagrado Coração de Jesus foi abordar sentidos mais
amplos envolvidos em circuitos de desinformação. A atividade foi conduzida com
a realização de dinâmicas e perguntas interativas, para gerar o envolvimento dos
estudantes com o tópico abordado.
Na primeira parte da palestra, foi abordada a discussão sobre a noção de
verdade, a partir das noções de correspondência, de coerência e a pragmática
analítica sobre aspectos verdadeiros sobre a realidade. É importante notar que a ideia
mais comumente associada à verdade é a noção de correspondência: o que vemos é
tomado como real. Porém, é necessário observar que só temos acesso ao real a partir
de nossa mente e pelos processos de percepção, o que inclui aspectos físicos,
culturais, formação educacional, meio socio-econômico. Isso interfere na noção de
mundo e, portanto, no que as pessoas usam como base para tratar do que é verdade
em seus contextos. Conforme fazemos isso, vamos estabelecendo padrões e lógicas
que determinam o que é coerente, o que se encaixa como verdadeiro em nossas
realidades. Tal aspecto é particularmente importante no contexto de desinformação,
porque tendemos a aceitar sem questionamentos o que se parece com os padrões
que consideramos verdadeiros.
Na segunda parte da palestra, a busca foi por analisar aspectos que fazem as
pessoas tomarem conteúdos falsos como válidos. Entre os aspectos mais comuns destes
conteúdos, no endereçamento para as pessoas, estão o fato de serem compatíveis
com o que é verdadeiro na realidade das pessoas e parecem lógicos com a forma que
as pessoas têm de organizar o mundo. São também compatíveis com respostas que
as pessoas precisam em suas vidas práticas e simulam uma realidade próxima e
reconhecível por parte das pessoas. Outra estratégia comum é o uso de muitos dados,
o que impede as pessoas de fazer uma conferência para saber se é verdade ou não.
Também é comum que os conteúdos falsos busquem criar uma sensação de
proximidade geográfica com o público leitor sobre conteúdos que geralmente não
requerem uma abordagem deste tipo. Tais conteúdos entram também em zonas de
emoção e sentimento, lidando com paixões (como clubes de futebol, religiões ou
política), medo (de uma ameaça, de um problema), raiva, desejo (por um produto, uma
solução para um problema, uma aparição messiânica).
Compreendendo tais indicativos, podemos analisar aspectos de
correspondência ao real com maior astúcia, para praticarmos a inibição da circulação
de desinformação em nossas vidas diárias. Na parte final,  foi tratada uma abordagem
pragmática-analítica da informação. Embora seja preciso entender que não há
verdade absoluta, que a verdade é tentativa, podemos aplicar princípios de
aplicabilidade, validação, verificação e corroboração de ideias, ações, condutas, dados
e fatos. Conforme vivemos, reconsideramos o que entendemos como sendo verdade; mas sempre é preciso considerar que não se trata do que queremos acreditar, mas o
que somos levados a acreditar por razões práticas, analíticas e de aplicabilidade.