No recesso escolar do mês de julho os professores Evandro Guindani e Yáscara Koga realizaram uma jornada de palestras em três escolas da rede de educação básica de São Borja: Franco Baglioni, Tricentenário e Cesb.
As atividades foram uma contrapartida do curso de Ciências Humanas pelo espaço do estágio oferecido pelas escolas aos acadêmicos do curso. Os professores abordaram a temática: “Meritocracia e Justiça na educação: uma reflexão sobre a avaliação”. De acordo com os professores que pesquisam esta temática na região, a meritocracia é um discurso muito atraente que está invadindo o espaço educacional e tentando substituir o conceito de justiça. Para a professora Yáscara – que pesquisou este assunto na sua tese de doutorado – muitos professores acabam incorporando esta lógica como sendo legítima, e principalmente defendem-na quando são beneficiados por ela.
O discurso da meritocracia segundo o professor Evandro é essencialmente individualista, pois constrói uma ideia de que as conquistas de uma pessoa são mérito exclusivamente dela enquanto individuo. Esse discurso busca ofuscar os bastidores de uma conquista pessoal, as ajudas e os benefícios, apoios que essa pessoa teve para alcançar e conquistar seus objetivos. Para problematizar estas questões foi abordado o conceito de justiça na educação e buscaram debater com os professores acerca da ideia da igualdade de oportunidades. De acordo com o conceito de justiça na educação, não podemos avaliar um aluno exclusivamente pelas suas conquistas individuais, porque os alunos – mesmo estando numa mesma sala de aula, com a mesma idade e com a mesma classe social – não possuem as mesmas oportunidades em suas casas, não estão em condições iguais para competir.
Diante disso, para os professores Evandro e Yáscara, avaliar os alunos pelo seu sucesso e empenho pessoal não é necessariamente justo, ou seja, utilizar apenas o mérito como critério de justiça é injusto.
A atividade proporcionou muitos debates e reflexões em torno de práticas pedagógicas e principalmente acerca do papel das instituições de ensino em democratizar de fato o acesso e a produção do conhecimento. Para que a universidade ou a escola seja justa e eficaz não basta apenas que o professor seja um especialista no assunto. Ensino, aprendizagem, didática e avaliação não são questões simples, compõe um campo de conhecimento extremamente complexo e abrangente que precisa ser contemplado nas discussões sobre o currículo e prática docente.
Créditos: Divulgação Curso de Ciências Humanas.