Histórico do curso | Curso de Especialização em Neurociência Aplicada à Educação

Histórico do curso

O criação do Curso de Especialização em Neurociência Aplicada à Educação partiu de uma demanda elencada principalmente por professores da Educação Básica atuantes na cidade de Uruguaiana/RS e região, que vinham participando de cursos de extensão e formação continuada promovidos por alguns grupos de docentes envolvidos nesta proposta.

A partir da demanda elencada e do sucesso nas experiências anteriores em cursos nesta área, bem como dos avanços acadêmico-científicos e da aproximação cada vez maior dos campos da Neurociência e da Educação nasceu a presente proposta, construída por um corpo docente interdisciplinar e multicampi (incluindo docentes do campus Uruguaiana e do campus Bagé da UNIPAMPA), além de contar com professores externos convidados.

O objetivo principal do curso é integrar conteúdos da área da neurociência e da educação e proporcionar estudos de neurobiologia do sistema nervoso e das implicações psicossociais, éticas, estéticas e afetivas, a fim de potencializar a formação permanente de profissionais da educação e saúde, principalmente professores da Educação Básica, buscando a atualização e ampliação dos saberes da neurociência e suas descobertas com e para a educação.

Também são objetivos deste curso:

  • Integrar os conteúdos da área da educação e da neurociência, promovendo uma relação dialógica entre estas “diferentes” áreas de conhecimento relacionadas à formação de professores e outros profissionais, de maneira a poder intervir, planejar e administrar situações de ensino e aprendizagem no espaço escolar;
  • Desenvolver saberes, competências e habilidades para a investigação, observação, interpretação e intervenção social/profissional na área de neurociências e processos de ensino aprendizagem;
  • Produzir metodologias e recursos diferenciados, inovadores e significativos, baseados no entendimento da neurobiologia do sistema nervoso e das implicações psicossociais, éticas, estéticas e afetivas a fim de fortalecer os processos e metodologias de ensino-aprendizagem;
  • (Re)significar os papéis do professor, no que concerne a sua função como problematizador e mediador dos processos individuais e coletivos de aprendizagem na escola;
  • Fomentar o diálogo entre a ciência, em especial a neurociência, e suas descobertas com a escola, fomentando a divulgação e popularização da ciência, especialmente na escola;
  • Desenvolver pesquisas no campo teórico-metodológico da área de neurociência aplicada à educação;
  • Orientar para a socialização do saber acadêmico produzido com a promoção e participação de atividades extraclasse, como eventos científicos, palestras e extensão, além da publicação dos trabalhos de conclusão de curso produzidos, discutindo com a comunidade acadêmica, escolar e comunidade em geral, questões pertinentes ao contexto do curso.

Nesse sentido, o curso se coloca como crítica às demandas educacionais da atualidade, que compreendem que o trabalho docente está relacionado a práticas mecanicistas e conservadoras, centradas no professor. Nessa compreensão, o professor é concebido como profissional com função de transmitir conteúdos científicos aos acadêmicos que, como receptores passivos, aprendem copiando, o que Paulo Freire, autor em quem também nos apoiamos, denomina uma prática de educação bancária (FREIRE, 2011)[1]. De outra forma, este curso preocupa-se com a formação de profissionais, principalmente para a Educação Básica, que sejam comprometidos com o entendimento dos processos neurobiológicos de aprendizagem e memória e suas implicações no cotidiano escolar/profissional, a partir de práticas educativas investigativas e contextualizadas, que levem à compreensão de que o processo de ensino-aprendizagem é recíproco e, assim depende das relações horizontalizadas e dialógicas estabelecidas entre professores e estudantes, o que na concepção do referido autor é uma prática de educação emancipadora (Ibidem).

Entendemos que o professor é mediador do conhecimento em um processo em que os estudantes são seus parceiros de investigação dos temas estudados e, por meio de problematizações, de maneira contextualizada, o profissional que participar dessa proposta aprende em contraposição às práticas de educação conservadora, que submetem estudantes a uma espécie de anestesia do pensar crítico. Pela articulação dos estudos da neurociência e da educação buscamos proporcionar discussões provenientes das diferentes visões das ciências para compreender melhor as condições físicas, emocionais, sociais e culturais que permeiam o ensino e a aprendizagem e assim promover compreensões aprofundadas sobre esses processos, considerando as informações sobre o funcionamento do cérebro e a influência educativa de diferentes propostas pedagógicas (CARVALHO, 2007)[2]. Por isso, com este curso de formação, pretendemos contribuir com a qualificação de profissionais compromissados com uma práxis crítico-reflexiva, dialógica e emancipatória, que valorize as inter-relações entre ensino, pesquisa e extensão, no sentido de que os saberes investigados sejam conteúdos para o ensino e o desenvolvimento de práticas que venham melhorar os contextos pessoal e profissional dos envolvidos.

[1] FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

[2] CARVALHO, Fernanda A. H. de. Reaprender a aprender: a pesquisa como alternativa metacognitiva. 150f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.