XI Seminário Internacional de Memória e Patrimônio. 26 a 29 de Outubro de 2021.

 

“XI Seminário Internacional de Memória e Patrimônio” terá como eixo gerador a discussão da Memória e do Patrimônio em tempos de pandemia.
Ao anúncio feito em março de 2020 pela Organização Mundial de Saúde, de que estávamos diante de uma pandemia causada pelo novo Coronavírus, inúmeras medidas sanitárias foram instituídas nos países afetados, dentre elas o uso de dispositivos de proteção e higienização e o distanciamento social, que, em alguns locais, se caracterizou por um confinamento prolongado e medidas de bloqueio absoluto da circulação de pessoas no espaço social. Ao mesmo tempo em que tais medidas restritivas eram adotadas pelo poder público (não sem contradições e descumprimentos, como no caso brasileiro), crescia exponencialmente o número de contaminados e vítimas fatais da COVID-19.
A velocidade com que o vírus se propaga se fez sentir nas mudanças bruscas que se impuseram (e ainda se impõem) aos indivíduos em suas vidas cotidianas, na organização dos espaços coletivos, na morte como uma realidade devastadora e na ruptura com as formas sociais de lidar com ela. A morte por COVID-19 ocorre em geral no anonimato do ambiente hospitalar, sem presença dos próximos, sem rituais
fúnebres, sem os gestos que declaram socialmente a despedida e instauram o tempo do luto.
Quase imediatamente ao ordenamento social pautado pelo medo do contágio, por quarentenas prolongadas e estatísticas aterradoras, os meios de comunicação passaram a registrar obituários de mortos pela COVID-19, memoriais virtuais se proliferam no mundo todo, fazendo emergir novas formas de memorialização imediata em sites e redes sociais. A Internet assumiu rapidamente o papel de espaço público de compartilhamento do íntimo e privado, como a doença e o luto, bem como se constrói através dos novos dispositivos comunicacionais, mementos mori que buscam retirar as vítimas de suas mortes silenciosas e lançá-las também como atores da memória coletiva da pandemia.
Concomitantemente, museus, arquivos, bibliotecas, centros culturais, fecharam-se ao acesso público presencial seguindo os protocolos sanitários, lançando mão de formas alternativas remotas de gestão e comunicação, demonstrando resiliência, com a finalidade de cumprirem seus papéis sociais. Entretanto, tendo em vista as dificuldades com que já operavam algumas dessas instituições, em países como o Brasil, por exemplo, a difícil digitalização de conjuntos documentais e bibliográficos impede que o usuário tenha acesso aos seus acervos. É importante ressaltar também que muitas instituições foram severamente abaladas pelas consequências sociais e econômicas da pandemia, resultando no fechamento definitivo de tais espaços memoriais e patrimoniais.
Em abril de 2020, a UNESCO lançou uma declaração na qual conclamou os Estados Nação a que se lancem na tarefa de organizar o que denominou como “patrimônio documental sobre a pandemia” no intuito de registrar o grave problema mundial para gerações futuras. Porém, o ritmo com o qual a pandemia e seus devastadores efeitos agem sobre as sociedades e seus espaços memoriais e patrimoniais, é inúmeras vezes mais acelerado do que o movimento de constituição de acervos documentais, de registros dos desaparecimentos de vidas e dos impactos econômicos sobre comunidades que tinham nas manifestações patrimoniais formas de geração de economia. Ainda, tais efeitos se fazem notar de forma assustadora na pilhagem de bens culturais, sejam aqueles sob guarda de instituições como museus ou mesmo sítios patrimoniais. De acordo o subdiretor geral para a Cultura da UNESCO, Ernesto Ottone Ramirez, “a pandemia é um flagelo…mais pilhagens, menos informações, menos missões, menos controle”. Os sítios arqueológicos, os sítios patrimoniais, museus e outros bens culturais ao redor do mundo, foram esvaziados de público desde o começo da pandemia. A prioridade dos Estados voltou-se para o enfrentamento da crise sanitária, enquanto os bens patrimoniais passaram a ser alvo, em maior intensidade e com menor controle, dos saqueadores que, via de regra, utilizam-se do mesmo meio que, paradoxalmente, vem sendo um espaço de informação e mitigação dos efeitos danosos da pandemia sobre as comunidades, para comercializar bens culturais obtidos nas pilhagens: a Internet.
A precariedade e a vulnerabilidade cercam tanto a vida humana quanto os elementos patrimoniais que, dentro dos museus e das instituições de memória e patrimônio  que estiveram ou continuam fechados, sentem o peso da crise social, política e sanitária.
Assim, abordar estes temas, no contexto atual da pandemia da COVID-19, torna-se essencial no campo das Ciências Humanas e Sociais, e por isso o XI SIMP  busca conhecer e discutir as diferentes formas de constituir a memória coletiva do fenômeno da pandemia do novo Coronavírus. Que este evento possa ser um fórum no qual os temas da memória e do patrimônio devem convergir no intuito de serem propostos diagnósticos e possíveis formas de ações frente ao “flagelo” que se acometeu sobre nós desde março de 2020.
Comissão Organizadora:
Carolina Gomes Nogueira
Carolina Magalhães Falcão
Dani Marin Amparo Rangel
Darlan De Mamann Marchi
Giane Trovo Belmonte
Gisele Dutra Quevedo
Helena Amaral Guedes
Jaime Alberto Bornacelly Castro
Luciana de Castro Neves Costa
Maria Leticia Mazzucchi Ferreira
Olivia Silva Nery
Priscila Chagas Oliveira
Vanessa Patzlaff Bosenbecker
Fonte: site do XI Seminário Internacional de Memória e Patrimônio. 26 a 29 de Outubro de 2021. disponível através do link : https://eventos.congresse.me/xi-simp/edicoes/xisimp-1-edicao#schedule