Um dos princípios básicos seguidos na concepção do Curso de Engenharia de Energia é a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão em atenção às demandas do mercado de trabalho e a regulamentação da profissão.
O Curso de Graduação em Engenharia de Energia proporciona uma sólida formação nas ciências básicas (física, matemática e química) e uma visão sobre Sistemas de Energia, mais especificamente Sistemas de Conversão e Transmissão de Energia, Planejamento Energético e Eficiência e Qualidade da Energia. Assim, o aluno tem forte base científica e
profissionalizante, sendo capacitado a absorver, aprimorar e desenvolver novas tecnologias, bem como gerir e projetar sistemas de energia.
Portanto, o Curso de Graduação em Engenharia de Energia apresenta uma formação reflexiva, propositiva e de autonomia na forma de bacharelado. O Curso é integral, com duração mínima de 10 semestres. Esta formação acadêmica é pautada pelo desenvolvimento de conhecimentos teórico-práticos, que respondam às necessidades contemporâneas da sociedade, relativas às demandas energéticas geradas pelo desenvolvimento do país. É orientada, ainda, por uma concepção de ciência que reconheça o conhecimento como uma construção social, elaborado a partir de diferentes fontes e que valorize a pluralidade dos saberes, as práticas locais e regionais.
Nesse contexto, nota-se um crescimento da oferta de fontes de energia renovável, existindo uma tendência à diversificação da matriz energética. Isso aliado às características do território brasileiro — diversidade de climas e ecossistemas; elevado potencial energético ainda não explorado; vasta zona costeira; entre outras — conferem ao profissional ligado à Engenharia de Energia significativas oportunidades de atuação e de contribuição no caminho da eficiência energética e da sustentabilidade socioambiental.
Uma das principais características de nossa sociedade é o aumento da demanda por abastecimento energético. Essa é uma condição para a existência da indústria, dos meios de transporte e, até mesmo, da agricultura e da vida urbana. Em resumo, é uma condição fundamental para a existência da nossa sociedade da forma como a conhecemos.
Recentemente, existe uma grande revolução na área energética devido à busca de fontes renováveis de energia uma vez que há dificuldades crescentes de manter os padrões de consumo nos níveis atuais com base nas fontes tradicionais de energia (combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás). O desafio atual é encaminhar uma transição para o modelo energético sustentável, um sistema menos dependente dos combustíveis fósseis, sem estabelecer repercussões traumáticas no desenvolvimento social e econômico. A característica básica das energias renováveis é a capacidade de serem regeneradas e, como tal, são virtualmente inesgotáveis, além de não serem nocivas ao meio ambiente. Essas são as duas principais características que as distinguem das fontes de energia tradicionais. Nos últimos anos, essas duas características solidificaram a presença das fontes de energia renovável no cenário energético mundial visto que, se as atuais taxas de consumo de combustíveis fósseis forem mantidas, os padrões sociais de consumo poderão perdurar apenas por mais algumas décadas. Além de que os danos ao meio ambiente causados pela queima de combustíveis fósseis e as mudanças climáticas resultantes disso obrigam a consideração das fontes alternativas de energia de modo a preservar o planeta e garantir o bem-estar das futuras gerações.
As vantagens das energias renováveis em relação às fontes de energia tradicionais são muitas e estão recebendo um reconhecimento cada vez maior. Nos últimos anos, o progresso tecnológico contribuiu para tornar as energias renováveis cada vez mais baratas e eficientes. Nesse sentido, é possível destacar as seguintes vantagens:
1. São inesgotáveis, enquanto que os combustíveis fósseis são limitados;
2. Em relação à produção de dióxido de carbono e outros gases nocivos, as energias renováveis têm um menor impacto ambiental do que os combustíveis fósseis, além de não oferecerem os mesmos riscos operacionais da energia nuclear;
3. Possibilitam a independência energética para um país uma vez que o seu uso não depende da importação de combustíveis fósseis (produzidos apenas em certas regiões do mundo).
Quanto à eficiência energética, a adoção de soluções ou práticas energeticamente eficientes em edifícios e indústrias podem ser exemplificadas através: do isolamento térmico de modo a se consumir menos energia para o aquecimento e o arrefecimento locais; da instalação de sistemas de iluminação econômicos, da substituição de máquinas elétricas antigas por suas versões tecnológicas mais eficientes; do uso de redes de sensores sem fio para monitoramento de parâmetros energéticos; da instalação de painéis solares térmicos na cobertura dos edifícios, encaminhando uma redução significativa no consumo de energia para aquecimento de águas sanitárias; entre outras possibilidades. Graças ao cenário de expansão tecnológica indicado acima, projetou-se também um grande crescimento na área de desenvolvimento em processos químicos e de equipamentos eletroeletrônicos e mecânicos, um setor carente de profissionais qualificados.
Com base nos contextos apresentados anteriormente, existe a motivação pelo estabelecimento do Curso de Graduação em Engenharia de Energia, almejando contribuir para a solução das atuais demandas do mercado de trabalho e alinhado com a legislação vigente. Além de garantir a formação de profissionais com os requisitos básicos para a atuação como engenheiros de energia.
Justifica-se um curso de graduação voltado para a área de energia devido à conotação social, ambiental e política que caracterizam tal curso, bem como ao momento histórico das nações no qual se enfrenta uma crise energético-ambiental com poucas alternativas de solução. Além disso, apresentando uma considerável preocupação com o impacto ambiental dos processos.
Inserido no projeto da Universidade Federal do Pampa de contribuir com o desenvolvimento socioeconômico da região da Campanha, o Curso de Graduação em Engenharia de Energia privilegia-se de características regionais como, por exemplo, as grandes extensões de terra; características da pecuária; ventos compatíveis para instalações de parques eólicos; e produção de energia a partir de biomassa através de florestas, produtos da orizicultura e fruticultura. Além do desenvolvimento tecnológico e geração de empregos para o uso de sistemas de energia solar térmica, fotovoltaica e da tecnologia do hidrogênio.
O Curso de Graduação em Engenharia de Energia proporciona também aos futuros profissionais meios para a construção do conhecimento, das habilidades e das atitudes que os capacitam a atuar em médio e longo prazos como agentes de formação de cidadania e de transformação socioeconômica e ambiental no contexto em que estão inseridos. Portanto, a formação de profissionais de engenharia com capacidade de intervenção nas áreas das energias renováveis, da mitigação dos impactos ambientais dos sistemas de energia e da eficiência energética — conscientes do seu papel social — é uma demanda essencial para o estímulo ao desenvolvimento e ao progresso da região onde a Universidade Federal do Pampa está inserida.
Por fim, cabe ressaltar que o Curso de Graduação em Engenharia de Energia é guiado pelo compromisso com o desenvolvimento harmônico nacional e regional, criando um ambiente de formação para a autonomia crítica e, acima de tudo, para buscar saídas no contexto energético e ambiental.
Dessa forma, o Curso de Graduação em Engenharia de Energia, vinculado ao Campus Bagé da Universidade Federal do Pampa, contribui para a formação de recursos humanos qualificados na região, evitando a migração de estudantes e de profissionais para outras regiões. Ainda nesse sentido, promove o crescimento regional ao possibilitar o surgimento de empresas de base tecnológica e ao desenvolvimento de um ambiente de inovação no Rio Grande do Sul.
Além de que empresas e instituições ligadas ao setor energético poderão ser destino do egresso do Curso de Graduação em Engenharia de Energia como: empresas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia; empresas de natureza governamentais e reguladoras; empresas de instalações elétricas, de gerenciamento energético, de auditoria energética, de conservação e eficiência energética; consultorias ligadas ao mercado de energia, projetos de sistemas de geração e revisão tarifária; associações de empresas de energia elétrica; empresas ligadas à operação, manutenção e supervisão de processos industriais; institutos de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos; entre outras possibilidades. Cabe também ressaltar as possibilidades de atuação internacional, dado o fenômeno da globalização, e a proximidade da Universidade Federal do Pampa com o Uruguai e a Argentina.