I Seminário de Desenvolvimento Rural de Jaguarão/RS

O I Seminário de Desenvolvimento Rural de Jaguarão/RS se desenvolveu numa ação conjunta entre a Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

O objetivo geral do evento visou apresentar e debater temas relativos ao desenvolvimento rural do Município de Jaguarão trazendo à baila o impacto sócio- ambiental da expansão da cultura da soja e os desafios e possibilidades de se trabalhar com a lã.

O discurso de abertura do referido evento realizado na noite do dia 12 de junho de 2018 no campus Jaguarão foi proferido pela Profa. Dra. Patrícia Schneider Severo (Coordenadora do Curso de Tecnólogo em Gestão de Turismo), seguido pelas palavras da diretora do campus Prof. Dra. Ana Cristina da Silva Rodrigues dando a acolhida a todos os presentes.

A mesa do Seminário foi composta pelo Prof. Dr. Flávio Sacco dos Anjos – Doutorado em Agroecología Sociología y Estudios Campesinos, 2000 Universidad de Cordoba, UC Cordoba, Espanha, é professor Titular da Universidade Federal de Pelotas; seus dois orientandos de mestrado: Profa. Doutoranda Monica Nardini da Silva; Prof. Me. Eduardo Garcia Souza e dois representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural/RS – EMATER/RS- ASCAR.

A primeira palestrante da noite a Doutoranda Monica traz a sua tese intitulada: A face espúria de um grão dourado: impactos socioambientais da expansão da soja em Jaguarão/ RS.

O trabalho apresenta uma retrospectiva contextualizada da atividade de cultivo da soja no país e da vinda dos produtores do Norte do Estado para o município para cultivar dito grão o qual requer quantidades abismais de agrotóxicos. Além de uma pesquisa bibliográfica seu trabalho ampara-se ainda no relatos de moradores locais. Segundo relatos de moradores da região “o agrotóxico utilizado ainda na pulverização aérea, estão contaminando solo, águas, animais: muitos deles nativos já não são vistos com tanta frequência” e, causando diversos problemas de saúde como o câncer aos moradores da comunidade rural e por consequência também atingindo moradores da cidade que consomem alimentos como hortaliças e frutas vindos desse meio rural. Alguns destacam que houve o aumento de animais considerados pragas como é o caso do javali. Outros moradores “acreditam que esse cultivo tem gerado impostos e rendas para o município” mas, a soja (cultivo voltado para a exportação) desde 1996 com a implantação da lei Candir é isenta de ICMS o que não traz recursos para o município, sendo destacado pela palestrante a perda de em torno de 50 bilhões no estado do RS com a implantação dessa lei.

O segundo palestrante o Professor Eduardo com o trabalho intitulado: Desenvolvimento com identidade cultural: desafios e possibilidades da valorização da cultura da lã no município de Jaguarão/ RS. O seu trabalho traz uma retrospectiva e a contextualização sobre a ovinocultura no RS. Na década de 1960 se avaliava a riqueza de um produtor relativo as cabeças de ovelha que ele possuía em sua propriedade. Já nos anos oitenta começa a decrescer o preço da lã. Sua pesquisa ainda se ampara no relato de alguns produtores rurais do município de Jaguarão.Com a perda do seu valor a lã começa a ser vista mais como um subproduto principalmente com a chegada dos tecidos sintéticos ao mercado. Destaca a importância de se agregar valor aos produtos realizados com a lã para que estes se tornem mais atrativos. Ressalva a importância da Cooperativa de Lãs Mauá para os produtores rurais, hoje com 505 sócios enfrenta dificuldades de comercialização pois os produtores muitas vezes comercializam à vista no estado ou com o país vizinho fora da cooperativa que paga a 30 dias. Assim como a Associação dos Artesões de Jaguarão (com 8 integrantes) aonde se realizam peças em jacquard

comercializando direto com os compradores ou em eventos sendo auxiliadas muitas vezes pela EMATER.

A terceira palestrante da noite, Ana Lecy Souza aclara a dicotomia ASCAR- EMATER. Explica que “surge primeiramente a ACAR: Associação de Crédito e Assistência Rural – com recursos internacionais para fomentar países do terceiro mundo”.

A ASCAR- Associação Suíno de Crédito e Assistência Rural “é uma Empresa de caráter Civil e Privado que presta serviço público sem fins lucrativos” […] é conveniado com o Governo Federal, Estados e municípios.

A EMATER assim presta assistência rural de caráter continuado orientando ações dentro de um sistema de produção agropecuária, de saúde, de alimentação. Exemplo: Projetos técnicos e de crédito para medição de açudes; apicultores curso e concurso municipal e regional do mel (com 16municípios); artesanato – motivando também a pessoas mais jovens a trabalhar com artesanato, auxiliar o pecuarista familiar, plantas e o relógio do corpo humano – com plantas que são benéficas para cada parte do corpo, produção de morango hidropônico, trabalho com quilombolas no Cerrito, etc.

 

Autoria do texto: Marysol Fernandez Garcia Janke