O Curso | Pós Graduação, Especialiação em Culturas, Cidades, e Fronteiras.

O Curso

Objetivos:

– Problematizar a cultura e a cidade como elementos importantes para a reconfiguração do mundo em que vivemos;
– Contribuir para a reflexão teórica e prática no campo da elaboração de políticas públicas para a cultura, com o intuito de diminuir as desigualdades e incluir esta temática no projeto político de desenvolvimento do país;
– Discutir o cosmopolitismo cultural como uma possibilidade alternativa a ser adotada diante do processo de globalização;
– Investir na formação continuada dos cidadãos de forma que possa estimular ideias, projetos, programas para pensar soluções para o futuro das cidades;
– Questionar a importância de novas abordagens e temas no interior das culturas;
– Abordar a importância das fronteiras e da comunicação entre os países através da cultura e da educação, bem como da necessidade em refletir sobre problemas que são comuns às duas cidades, Jaguarão, no lado brasileiro, e Rio Branco, no Uruguai.
-Refletir sobre questões relacionadas a cidadania, violência e criminalidade na região da fronteira.

Concepção Pedagógica:

O fato de estarmos em um mundo de comunicação acelerado e global, em que a sociedade passa por uma nova reconfiguração, caracterizadora de uma crise da modernidade, torna imperiosa a necessidade de formar um cidadão contemporâneo, crítico e criativo, cruzando saberes, numa sociedade “híbrida de arcaísmos, modernidades impossíveis e pós modernidades instáveis” (SANTOS et al., 2011).
Nesse sentido, a cultura, a cidade e as fronteiras são paradigmas que configuram palmilhar humano contemporâneo, caracterizadores de uma modernidade líquida (BALMAN, 2008), assim sendo, a maioria das pessoas vive e enfrenta desafios no quotidiano das cidades.
Logo, a cultura conforma um conjunto de códigos e símbolos, descortinando o cidadão à solução de seus problemas locais (BALMAN, 2009), entretanto, com o advento dos meios de comunicação de massa, a discussão destes temas não se esgota na esfera local, pois o mundo se constitui em uma aldeia global.
Destarte, estas áreas de conhecimento são por excelência objetos de estudo de diversos saberes, constituindo-se em verdadeiras ferramentas para pensar um mundo cada vez mais complexo e globalizado.
Dessa forma, a proposta pretende discutir temas transversais, através da História, Turismo, Patrimônio Cultural, Sociologia Urbana, Arte, Cultura, Meio Ambiente, Políticas Públicas, Segurança Pública, Violência e Cidadania, Cultura, Planejamento Urbano, Literatura e Espaço Rural.
Logo, o curso de Especialização em “Culturas, Cidades e Fronteiras” possui sua sedimentação nas Ciências Humanas, dentro do contexto em que estamos localizados, na fronteira do Brasil com o Uruguai pelas cidades de Jaguarão e Rio Branco, voltados para os planos regional, nacional e internacional. É mister pensar a fronteira de forma a descortinar seus horizontes e seus limites, possibilitando pensar este Brasil fronteiriço repleto de multiculturalismos. Pedagogicamente, o curso é estruturado com docentes de todos os cursos da unidade: Bacharelado em Produção e Política Cultural, Licenciatura em História, Tecnologia em Turismo, Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Letras/Habilitação em Espanhol.

Justificativa:

A histórica convivência entre os povos da fronteira fomentam questões para discutir as relações entre as cidades de Jaguarão e Rio Branco, tendo em vista que neste local existem relações que conformam identidades, visões de mundo, historicidades comuns e divergentes, caracterizando acima de tudo uma fronteira do humano.
Em um ambiente de fronteira, constata-se o encontro de culturas em um processo de fricção, tendo como característica uma tentativa de mediação entre nosotros. (PRAT, 1999) (SCHLEE, 2009). Por conseguinte, os pontos de fronteira constituem um corredor cultural no território do Bioma Pampa, com suas singularidades e diversidades. Por outro lado, a concepção de fronteira tem uma amplitude extensa, expressando muitas realidades, tais como: limites políticos de divisões territoriais, fracionamento de regiões, divergências de interesses econômicos e sociais repletos de idiossincrasias. (ALBUQUERQUE, 2007).
Uma temática contemporânea ligada às identidades e à conformação da nacionalidade é a do patrimônio cultural. E nesta linha de estudos convém destacar que a cidade de Jaguarão foi declarada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, no ano de 2011 (IPHAN, 2011). Acrescenta-se a isto o tombamento no mesmo período, em caráter binacional, da Ponte Internacional Mauá. (Prefeitura Municipal de Jaguarão, 2011).
Inobstante às situações supra mencionadas, é de domínio público a proximidade desta região com a Lagoa Mirim, onde, além da sua relevância ambiental como um estratégico curso de água, estão situadas grandes questões, como a denominada Hidrovia do Mercosul.
Nesse sentido, é necessário que se possa refletir sobre os problemas presentes às regiões fronteiriças no território que une e separa os dois países, e suas apropriações e identidades multiculturais, marcos caracterizadores da pósmodernidade. (BAUMAN, 1998)
É de crucial relevância fomentar as ações culturais das comunidades da fronteira, bem como ampliar e democratizar o acesso aos serviços e bens materiais e imateriais, às políticas e ações culturais, fortalecendo a economia da cultura, as capacidades e os saberes locais. Assim, faz-se necessário criar espaços públicos de discussão para a formulação de políticas públicas para a zona de fronteira. (Ministerio de Educación y Cultura de Uruguay, 2009).
Assim sendo, é necessário ressaltar que a “Carta da Fronteira” está dentro de um movimento cultural que, desde 2010, tem mobilizado diversas cidades da fronteira em direção à cultura, tendo sido entregue, em julho de 2010, em Santana do Livramento, a “Carta para a efetivação dos direitos culturais na fronteira” ao Presidente do país, Luis Inácio Lula da Silva, e ao Presidente uruguaio, José Mujica. Em relação ao grupo Fronteiras culturais, dentre outras cidades, no Brasil estão: Jaguarão, Bagé, Santana do Livramento, Dom Pedrito, Pelotas, Chuí, Santa Vitória do Palmar; e no Uruguai: Chuy, Rio Branco, Melo, Rivera e Artigas.
Como podemos constatar, os temas propostos para esta pósgraduação em nível de especialização em “Cultura, Cidade e Fronteiras” é relevante, pois é pertinente fonte de investigação e estudo para os egressos das mais diversas formações profissionais.

Referências:

ALBUQUERQUE, José Lindomar C. As identidades fronteiriças. In: A dinâmica das fronteiras: os brasiguaios na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. São Paulo: FAPESP/Annablume, 2007. p. 199-244.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
_____ . Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
_____ . Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN. Tombamento do centro histórico de Jaguarão. In. www.iphan.gov.br .Acesso em 29/09/2011.
PRATT, Mary Louise. Os olhos do Império. Relatos de viagem e transculturação. São Paulo: EDUSC, 1999.
PREFEITURA MUNICIPAL DE JAGUARÃO. Tombamento da Ponte Internacional Mauá. In www.jaguarao.rs.gov.br
MINISTERIO DE EDUCACIÓN Y CULTURA. Cultura y desarrollo: El espacio de la cultura en el que hacer del Estado. Montevidéu, 2009.
SANTOS, José Vicente Tavares dos et. al. Violência e Cidadania: práticas sociológicas e compromissos sociais. Porto Alegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2011.
SCHLEE, Aldyr Garcia. Ir a Jaguarão e descobrir o resto do mundo. Disponível in: www.secult.blogspot.com . Acesso em 29/09/2011.

Perfil do egresso:

– O egresso do curso de especialização em “Culturas, Cidades e Fronteiras” será capaz de compreender estas temáticas que conformam a sociedade contemporânea, e assim a especialização deve permitir ao egresso realizar indagações qualificadas acerca dos problemas relacionados a estas áreas, bem como fomentar propostas inovadoras. Assim o egresso do curso de especialização em “Culturas, Cidades e Fronteiras” será capaz de desenvolver e aperfeiçoar políticas públicas em todas as esferas governamentais e capacitar atores da sociedade civil, profissionais que trabalham com segurança pública, gestão territorial e nas políticas públicas para a cultura na fronteira possam aperfeiçoar-se para desenvolver e elaborar projetos, bem como atuar em conselhos e fóruns da sociedade civil.

Público alvo:

– Tem-se como público alvo profissionais que possuem aderência aos temas de culturas, cidades e fronteiras em sua área de atuação ou universo de pesquisa, oriundos de quaisquer áreas do conhecimento. Assim, é uma proposta de formação continuada aberta a egressos da Unipampa, bem como demais profissionais interessados.

Carga Horária:

-375h

Duração:

1 ano.